"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. (Rui Barbosa)"

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Aguarde um Minuto...

Eduardo Müller

Artigo publicado pelo Jornal "A Tribuna Piracicaba", de 21/05/2010.
Link para a versão on-line do jornal: http://www.tribunatp.com.br/modules/publisher/item.php?itemid=1270


Existe algo mais irritante do que serviços de atendimento ao cliente? Nos últimos dias, tenho me revoltado a tal ponto que, por várias vezes, cheguei a repensar se realmente vale a pena pagar por tanta irritação e falta de respeito!

O mais intrigante nessa história toda é o por quê de eu me permitir, reiteradamente, estar à mercê dessa palhaçada. Uma das vantagens de ser um operador do direito (ainda que em estágio de aprendiz) é justamente o fato de que, detendo conhecimento de seus direitos, poucos conseguirão lhe “passar a perna”. Porém, às vezes me pergunto se efetivamente vale a pena, e se não seria melhor perder algum dinheiro com valores inexatos nas contas, ou, ainda, pagar por serviços que você não contratou, ao invés de passar tanta raiva tentando reaver o que foi lhe tirado indevidamente.

Via de regra, quando recebo uma fatura inexata, após xingar até a quinta geração do emitente, crio coragem pra ligar à prestadora do serviço. Compro um lanche, coloco os pés de molho na água quente, e já coloco também comida pro meu cachorro, pro coitado não morrer de fome, no caso de passar algumas semanas sendo atendido via telefone. Pra começar, sou obrigado a ouvir clara e pausadamente todas as opções disponíveis para atendimento ao cliente. Desde “disque 1 para área técnica” até “disque 9 para outras opções”. Quando finalmente encontro a tecla certa para o atendimento do qual preciso, sou obrigado a digitar meu CPF (que, em minha opinião, é um absurdo que deveria ser proibido). Após alguns minutos de espera, a voz robótica informa que meu cadastro foi encontrado, e que serei encaminhado a um atendente.

Aí sim, começa a espera. Só que, o mais revoltante – em nível máximo de irritabilidade – é que, quando o atendente finalmente entra na linha, ele, para minha surpresa, pergunta novamente meu CPF, meu nome, endereço, nome da minha mãe, pergunta secreta, cor da pele, escolaridade, time do coração e quantas figurinhas faltam pra completar o meu álbum da copa. E, pior: independentemente da tecla que eu digitei lá no início do atendimento eletrônico, minha ligação sempre irá cair no setor errado, e sempre o atendente irá me dizer “aguarde enquanto eu lhe transfiro para o setor responsável”.

E a linha cai. E eu choro.

Não quero ofender ninguém, muito menos nenhuma classe. Eu mesmo já trabalhei com telemarketing e sei que esse é um dos trabalhos mais estressantes que existem. Esses profissionais realmente merecem cada vez mais conquistar melhores condições de trabalho e de renda. Entretanto, um dos mistérios mais perturbadores que existem na minha mente é entender o que se passa na cabeça de um sujeito que trabalha para tirar dúvidas dos clientes e deliberadamente desliga o telefone, enquanto maliciosamente pede que eu aguarde um minuto. Interessante é que eu converso mais de cinco horas por mês entre telefone fixo e celular, e o único lugar onde a linha cai toda vez que eu ligo é no atendimento ao cliente dessa empresa. No mínimo estranho, não é mesmo?

Feliz era meu avô, cujo único atendimento desse tipo do qual precisava era reclamar com o seu Manoel, quando o pãozinho estava muito cascudo.

Enfim, definitivamente as recentes mudanças na lei que regulam esse setor não foram suficientemente eficazes para melhorar o atendimento ao cliente. Isso é fato. Ainda continuamos a serviço do desrespeito e abuso, e, para quem o tempo é raro e precioso, a maneira legal de reaver seus direitos não compensa. Registro minha revolta, mais um dentre tantos outros clientes desgostosos.

sábado, 20 de março de 2010

A Vida não é simples

Artigo publicado pelo Jornal "A Tribuna", edição Revista, n.9234, página 02, de 20/03/2010


Por mais simples que pareça, ainda sim a vida nos reserva uma complexidade absurda em tudo que nos norteia. É comum ouvirmos dizer que "a vida é simples", e que somos nós mesmos os responsáveis por complicá-la.


Não, definitivamente a vida não é simples. Existir é viver sob um tsunami de possibilidades, escolhas, erros e acertos. É estar constantemente sob a influência do ambiente e das pessoas. Também significa estar subordinado à formação psicológica na qual você foi submetido enquanto se desenvolvia como pessoa. É inimaginável encontrar respostas para entender, por exemplo, o que leva um ser humano a cometer tamanha atrocidade como aquela que matou o cartunista Glauco e seu filho. Onde caiu na vida aquele garoto? Não sei se o que chocou mais foi o crime em si, ou se foram os depoimentos dados por ele. Vê-lo descrever o crime, e dizer que "faria tudo de novo" é de uma repugnância tamanha, que é difícil imaginar que alguém seja capaz de cometer tal selvageria.

Como bem disse Gilberto Dimenstein em sua coluna do dia 16 de março (Folha online - www.folha.com.br), é difícil entender que esse rapaz apertou aquele gatilho sozinho. Fica aqui um registro para que pais e responsáveis por crianças e adolescentes em formação tomem para si esse exemplo, das conseqüências que a falta de limites e o pouco caso com as drogas podem acarretar na vida de um ser humano.

De maneira alguma quero dizer que a droga é a única responsável por tornar aquele indivíduo em um assassino em potencial. É possível sim viver em sociedade e ser um usuário de drogas, eu mesmo conheço alguns, mas, como diz o tema central deste artigo, a vida não é simples, e as regras não se aplicam da mesma forma para todas as pessoas. Portanto, na imensa maioria dos casos, certamente a única chance que um adolescente tenha de se ver livre das drogas e do mundo do crime seja uma posição firme dos pais enquanto há tempo, mas infelizmente, muitas dessas fases passam despercebidas, e consequentemente, quando alguém percebe, já é tarde demais.

De problemas já bastam os que surgem naturalmente. Nunca subestime as drogas, nunca tolere o álcool na vida de seu filho (a). Não tenha receito de impor aquilo que é notoriamente correto que se faça. Ensine, corrija, repreenda! Ensine a seu filho o caminho que deve andar, e quando grande, não se desviará dele! Já dizia o grande sábio Rei Salomão.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Zoológico Humano

Atualização: 28/01/2010 - Artigo publicado pelo Jornal "A Tribuna", do dia 28/01/2010, pg. A6.
Link para a versão online do jornal: http://www.tribunatp.com.br/modules/publisher/item.php?itemid=956



Carlos Eduardo Müller.


Na última terça feira assistimos, (sem ofender aqueles que não assistiram), a mais uma "noite de eliminação", no zoológico humano da Rede Globo de televisão. Sempre que chega o verão, já há nove anos, somos inundados com chamadas televisivas, reportagens de todas as emissoras, críticas, opiniões, e "Merchans", tudo relacionado ao “BBB”, sem contar os produtos “BBB” disponíveis na TV a cabo. Mas, em meio a toda essa tempestade, o que realmente me chama a atenção são as severas críticas feitas a este programa de TV. Críticas feitas pelos mais diversos comunicadores, formadores de opinião e personalidades da mídia em geral. Sem querer “nadar contra a maré”, quero fazer aqui uma defesa intrínseca aos motivos pelos quais o Big Brother Brasil ainda está no ar, e fazendo sucesso. Quero mudar um pouco o foco da crítica.

Primeiramente, não saberia dizer se a televisão brasileira já teve algum dia exclusivamente a função de educar e trazer cultura aos telespectadores. Convido aqui, inclusive, alguém que domine este assunto para tratar à respeito, de como por exemplo, surgiu a televisão no Brasil, como eram seus programas e como era medido essa questão no passado. Contudo, posso falar daquilo que vivencio e participo, e o que vemos atualmente são emissoras específicas para este fim. "Futura" e "TV Escola" são exemplos, entre outras, de emissoras exclusivamente voltadas para educação e cultura. Entretanto, na TV aberta essa função capenga às vias da extinção. Mas, quem podemos culpar por isso? Por acaso, se o “Telecurso 2000” tivesse algum retorno em audiência ele seria exibido às cinco da manhã? Por acaso, o "Canal FUTURA" necessitaria de tanto apoio da iniciativa privada para manter-se no ar? Apesar de todas as críticas à idolatria ao “IBOPE”, eu vejo isso como um reflexo daquilo que os telespectadores procuram na televisão. Inclusive, os programas de informação mais tradicionais da TV brasileira como "Jornal Nacional" e "Fantástico", ambos da Rede Globo, sofreram profundas quedas de audiência nos últimos anos. Isso mostra, invariavelmente, que aquilo que é interessante para o telespectador e dá audiência na televisão brasileira hoje é entretenimento, seja ele de qualidade ou não.

O telespectador é soberano com o controle remoto nas mãos. O que dizer quando quarenta milhões de pessoas participam de um programa de televisão, assistindo, votando, e fazendo ligações? O que essas pessoas estão buscando? Ora, se esse povo estivesse interessado em adquirir cultura, estariam lendo um livro, ou assistindo algo mais interessante (se encontrassem, é claro). Deixando de lado uma análise "micro", mais esmiuçada, de questões comerciais e afins, o “BBB” existe com único intuito de entreter. Ninguém critica uma transmissão de jogo de futebol, porém, ninguém termina de assistir uma partida mais inteligente ou mais culto. Essa é a cultura do nosso país. A cultura de um telespectador que chega em casa cansado do trabalho, e quer relaxar, dar um pouco de risada (mesmo que seja da tragédia alheia). Ler cansa, estudar é fatigante, e informação nova às vezes é desinteressante para quem precisa pensar em "como vou pagar minhas contas este mês", ou "como vou trabalhar se metade da minha cidade está debaixo d'agua?". Enfim, a cultura do subterfúgio. Ver o choro e o desespero alheio é confortante. Ver a humilhação alheia satisfaz sua vontade de vingar-se do "chefe", do prefeito, ou de quem quer que seja. Ver a vitória triunfante de apenas um, alimenta sua esperança de um dia também vencer na vida. É por isso que este programa ainda faz sucesso, e pelo que vejo, continuará assim por um longo tempo.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Matéria

Matéria sobre mim, publicada no site da Unimep, em 10/01/10.

http://www.unimep.br/noticias.php?nid=871

Tks,

Eduardo.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Vai um Petisco aí??

Carlos Eduardo Müller.

Artigo publicado pelo jornal "A Tribuna", edição n. 9152, de 08/12/09, pg. A6


(Acho engraçado quando alguém questiona ou critica o trabalho de proteção aos animais. Penso em o que essas pessoas estariam fazendo pela sociedade. Sim, isso mesmo, sociedade! Por que não?)


No último final de semana visitamos meus pais em uma cidade vizinha (cerca de sessenta quilômetros de Piracicaba). É evidente que não deixaríamos de levar nosso cão! Uma Rottweiler fêmea, de dois anos, chamada Liv. Interessante como a questão de viajar com o animal ainda chama a atenção de muitos, com se estivéssemos levando no carro um “homem das cavernas”, ou um “pé-grande”.
Durante a viagem, Liv oscilou entre euforia, cansaço e tédio, tudo em questão de pouco mais de uma hora. Às vezes reflito em como um cão vive sua vida de forma intensa, e quão sofrido deve ser para aqueles que passam os dias presos, trancados, sem atividades nem atenção.
Antes mesmo de chegar à rodovia, ainda no posto de combustível, Liv já dava piruetas no banco traseiro enquanto abastecíamos o carro. Deu pra perceber o terror nos olhos do frentista. Nem passava pela sua mente que o maior mal que nosso cão poderia causar, (se escapasse), seria um banho de gasolina em todos nós, e lambidas no pé. Liv adora entrar debaixo de mangueiras pra morder o jato de água, mas infelizmente ainda não posso exigir dela que reconheça a diferença entre uma mangueira de jardim e uma mangueira de combustível. Sobre lamber os pés dos outros, ela ainda está sendo educada em relação a isso.
Você que tem um animalzinho e pensa que pode ser complicado viajar com ele, saiba que hoje no Brasil existem mais pets shop que farmácias, (Revista Veja, Edição 2122, de 22 de julho de 2009). Em qualquer cidade podemos encontrar veterinários “plantonistas”, e inclusive em algumas regiões, verdadeiros “hospitais veterinários”. Naquele domingo, acordei por volta das seis da manhã para fazer uma caminhada. Pensei em aproveitar para tomar café da manhã em alguma padaria, mas, após cinqüenta minutos de percurso, a única coisa aberta que encontrei foi justamente um pet shop, em pleno domingo! Pensei em roer um osso, ou finalmente experimentar um daqueles petiscos com cheiro de bacon que a Liv adora. Insisti na procura e por sorte, após algum tempo, encontrei uma padaria (para seres humanos) aberta, onde não poderia deixar de ser, também trazia à disposição dos clientes alguns petiscos caninos. Definitivamente, Liv estava bem mais servida de recursos nessa viagem do que eu.
Além de uma bela aspirada no carro, levar um cãozinho para um passeio de carro não traz nenhum aborrecimento, isso é claro, se você gosta de cães. Mas alguns cuidados são necessários antes de viajar. Neste site você encontra dicas de como transportar corretamente seu cão no automóvel: http://noticias.brasilpetshop.com.br/como-levar-o-cao-corretamente-no-carro-81/. E é claro, nunca se esquecer de avisar os anfitriões sobre a chegada do visitante especial. É imprescindível também consultar o hotel ou pousada sobre a disponibilidade de vagas para cães. Chegar com o cão sem avisar pode ser trágico e estragar toda a viagem.
Mas inegável é o fato de que hoje os cãezinhos estão em alta. Facilmente encontramos acessórios e serviços que até pouco tempo eram absolutamente incomuns. Desde centros de beleza e estética, agências de namoro, motéis e hotéis, até serviços funerários e cemitérios, tudo especializado em cães. Mas este crescente mercado de assistência canina, (inclua também gatos e outros animais domésticos), ainda contrasta com uma triste realidade presente em todos os centros urbanos do país: Maus tratos, abandono, descaso e crueldade com animais, que nos leva a conhecer também outro trabalho igualmente importante, mas que não trata dos luxos e prazeres da vida canina, mas sim, da simples proteção do direito de viver desses animais.
Acho engraçado quando alguém questiona ou critica o trabalho de proteção aos animais. Penso em o que essas pessoas estariam fazendo pela sociedade. Sim, isso mesmo, sociedade! Por que não? Evidente que um cão não é uma pessoa, mas sabemos que cães soltos nas ruas, sem a devida vacinação, vermifugação e castração, podem em um curto espaço de tempo duplicar sua população, e isso significa mais sujeira pelas ruas, doenças - que inclusive podem ser transmitidas aos humanos - gerando mais gastos com nosso rico dinheiro público. Portanto, é uma questão social sim, que muitas vezes bate à sua porta, ou no mínimo, suja a sola de seu sapato, (quem nunca foi premiado com uma bela pisada em dejetos caninos que atire a primeira pedra). Por isso, registro aqui minha admiração e respeito por essas pessoas, que muitas vezes dedicam grande parte de suas vidas para tratar desta questão. Para aqueles que pagam para ter acesso digno a preceitos garantidos constitucionalmente (saúde, educação, segurança), resta colaborar também com essa questão de saúde pública, pois sabemos que a demanda é grande para a estrutura disponível, e a exemplo de tudo que é de grande demanda neste país, os recursos são insuficientes.
Para adotar um cãozinho, basta de dirigir ao Canil Municipal, que fica na Rua dos Mandis, s/n, Bairro Jupiá. Telefone 3427-2721.
Além de adotar, quem quiser contribuir de alguma outra forma para esta questão, basta entrar em contato com a ONG “Vira Lata Vira Vida”, pelos telefones 3411-5490 / 9831-1929. Essa ONG atualmente cuida e abriga cerca de 430 cães, dando alimentação, higiene, vacinação e castração. Segundo a voluntária Cecília, entre as principais necessidades da ONG estão: Medicamentos e acessórios, (soro, seringas, antibióticos), ração (são utilizados em média 200 quilos de ração por dia), e claro, voluntários para ajudar no trabalho, que não é pouco. Todos os animais da ONG estão disponíveis para adoção, porém é necessário agendar um horário para visitar o abrigo e conhecer seus futuros novos companheiros!
Liv manda lambidas à todos que ajudarem!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A Menina dos Olhos do Mal

Ontem participei do encerramento da 7a Mostra Acadêmica da Universidade Metodista de Piracicaba, UNIMEP. O tema da Amostra foi "Ciência, Tecnologia e Inovação: A Universidade e a Construção do Futuro". Dentre os eventos desta Amostra Acadêmica, foi promovido pelo NUC (Núcleo Universitário de Cultura) o 5º Concurso de Contos e Crônicas - evento do qual participei – e, para meu deleite, fui agraciado com o 1º lugar, com o conto "A Menina dos Olhos do Mal".

Gostaria de agradecer a todos os envolvidos no evento, aos organizadores e à banca julgadora. Esse reconhecimento foi muito importante e será um grande estímulo para meu aperfeiçoamento.

Abaixo segue o trabalho premiado. Este será divulgado na íntegra no site da Mostra Acadêmica - www.unimep.br/mostraacademica. Será também publicado no jornal "A Tribuna", em data a ser confirmada, além, é claro, da publicação no Jornal “Acontece", de distribuição interna na Universidade.

Lembro a todos que trata-se de um trabalho amador.

Obrigado!

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A MENINA DOS OLHOS DO MAL.

Autor
CARLOS EDUARDO MULLER


Steven é padrinho de casamento de Jorge, e seu amigo fiel desde as primícias da juventude. Ana surgiu em meio às desordens do início da vida adulta, quando Jorge sequer havia decidido qual carreira seguir. Em pouco tempo de namoro, Jorge tomaria sua primeira grande decisão: Era com Ana que passaria o resto dos seus dias. Ana era linda, sorriso largo e fácil, olhos verdes, cabelos ora preto, ora louro, ora vermelho... Vivia o tipinho descolada, de saia rodada e “All Star”, estilo "vida loca". Se apaixonar por Ana era tão fácil quanto ganhar um sorriso dela.

Ana virou obsessão de Jorge desde o início. Intocável, perfeita. Apesar de Steven nunca ter botado muita fé no caráter de Ana, "ai" dele se dissesse algo a respeito. Jorge já havia ficado meses sem falar com Rosa, a própria mãe, com quem mantinha laços estreitos de amizade e cumplicidade. Esses laços eram tão fortes que, mesmo após cinco anos de casamento, mantinha consigo uma cópia da chave da velha casa, onde sua mãe ainda vivia, e onde morou por toda a vida. Como Steven, Rosa também não confiava em Ana, e para seu azar maior, não soube ficar em silêncio.

Numa tarde, Rosa fazia compras quando, em questão de segundos, olhou para a rua e viu Ana, dentro de um Vectra branco, com um sujeito que não pode identificar. Ficou em dúvida, ligou para Jorge, e segundo seu conhecimento, Ana estava na academia. Rosa
conhecia essa academia, e por vezes passou por lá para desgostosamente admirar o comportamento "dado" de Ana com os demais rapazes. Rosa foi então para a academia, mas não a viu. Antes que pudesse acelerar o carro, Ana chegou no mesmo Vectra Branco,
tascou um beijo na boca no rapaz e entrou na academia.

Rosa, de longe, fez jus ao seu nome, ficando rosada, quase vermelha. Não teve coragem de entrar na academia, mas passou a perseguir Ana, flagrando-a outras vezes, inclusive fotografando a distância com uma câmera dada pela própria Ana no último ano, como presente de aniversário.

Rosa confidenciou tudo a Steven. Ambos sempre partilharam da mesma opinião sobre Ana, e Rosa não soube o que fazer com a novidade. Infelizmente, Steven também não soube. Ela estava disposta a dar uma solução para aquilo o quanto antes, e pediu que
Steven guardasse uma cópia das fotos que imprimiu, por segurança. Steven não soube como recusar, não entendeu direito como aquilo poderia ser útil. Pegou o envelope, foi até o corredor ao lado da cozinha e com uma cadeira guardou no forro, por uma pequena “abertura” que havia no teto.

Naquela noite, uma terça-feira, Jorge ligou para Steven. Falaram, riram bastante, e acertaram de sair no fim de semana. Steven teve muita pena de Jorge e não conseguiu imaginar o que seria da vida dele se descobrisse. O papo acabou, E lamentavelmente não houve oportunidade para o passeio no fim de semana.

Na quinta-feira Rosa abriu o jogo com o filho. Fez um discurso, disse que o amava, blá blá blá. Isso fez Jorge lembrar-se da morte do pai, pela forma que recebeu a notícia da mãe. Não sentiu-se muito bem, supondo mais uma notícia ruim. Então Interrompeu:

- Vá direto ao assunto mãe.

- Veja com seus próprios olhos, filho.

Essa frase ecoou na mente de Jorge por alguns segundos: "Veja com seus próprios olhos, filho"...

Abriu o envelope e chorou mais do que já havia chorado nos últimos anos. Escorregou da cadeira e pôs a cabeça sobre o colo da mãe. Foi exatamente essa cena que Ana viu, entrando na sala, ao chegar da rua.

O que se passou nos próximos cinco minutos foi um emaranhado de frases sobrepostas, às vezes sem sentido, choro, gritos: - “Por quê?” - “O que é isso?” - "Vagabunda!" - "Mas como?" - "Sem vergonha, como pode fazer isso com ele?" - "Eu vou te matar" - "De onde veio isso?".

Em meio à gritaria, uma frase soa baixo, mas tão intensa que foi capaz de silenciar o ambiente:

- Eu te perdoo.

Seguiu-se um silencio incabível para o momento.

- Chega! Rasga isso e esquece. Vamos começar de novo.

Jorge abraça Ana, e ela fica cara a cara com Rosa. Naquele momento, olhando nos olhos de Ana, Rosa sentiu-se a sós com ela, e descobriu algo que jamais havia percebido nela antes: Raiva.

Rosa imaginou existir muita maldade escondido naquele sorriso. Meditou nisso por dois dias, até amanhecer morta, esfaqueada na própria cama durante a noite. Não havia um móvel fora do lugar, nem sequer uma porta arrombada.

Foi um domingo difícil. Steven dedicou o dia para ajudar com a funerária, o hospital, e a polícia. Jorge não tinha condições de fazer nada. Recebeu a notícia por telefone, da polícia, que ligou para o último número discado da casa de Rosa. Era nove da manhã, e Ana dormia ao seu lado.

Na manhã seguinte ela foi enterrada. Chovia, e Ana chorava muito. Jorge, pálido, olhava para o nada. Steven estava perturbado, e pior que toda aquela situação era sua cabeça azucrinando seu sossego. Ana poderia ter algo a ver com isso.

Além de Jorge e Ana, o único que sabia dos fatos era Steven, e o que só Steven sabia é que uma cópia das fotos ainda existia com ele. E quanto mais as investigações do assassinato pendiam para outros caminhos, mais Steven desejava mostrar aquilo para a polícia.

Certo dia, o investigador do caso, Fausto, apareceu na casa de Steven. Disse que era rotina, apenas algumas perguntas. Perguntou se ele conhecia a rotina de Rosa, com quem ela andava, quem eram suas amizades. Perguntou também se alguém eventualmente havia se desentendido com Rosa ultimamente.

Steven suava e desviava o olhar. Suas pupilas dilataram e suas mãos reiteradamente coçavam o queixo e a boca. Suas pernas cruzavam, descruzavam... Sua pulsação dobrou, e a veia “saltando” no pescoço de Steven tornou-se visível para Fausto. Atento,
Fausto conduziu o assunto para caminhos onde Steven não teve outra opção senão abrir o jogo e lhe contar tudo. Fausto saiu dali com as fotos em mãos.

Ana e Jorge foram chamados para depor, oficialmente convocados pela polícia. Sequer levaram advogados, pois imaginaram que se tratava de procedimentos normais. Jorge ficou do lado de fora, Ana entrou na sala primeiro. As perguntas foram sobre a noite do crime: Onde ela estava, que horas dormiu, que horas acordou. Se ela tinha as chaves da casa de Rosa. Ana ficou louca:

- Onde já se viu desconfiar de mim, a própria Nora!

O interrogatório passou então para assuntos mais específicos, como desentendimentos, discussões, brigas, e é claro, as fotos. Ana não soube o que dizer, chorou e negou.

- Não sou assassina!

Saiu da sala aos prantos. Passou por Jorge, que só teve tempo de ouvir ela dizer:

- Eles pensam que foi eu!

- Vocês têm que encontrar o assassino, e não acabar com o que restou da minha vida!
Jorge gritou por alguns minutos até ser contido e levado à presença do delegado.

Para Jorge, as perguntas foram sobre a noite de sono. Jorge confirmou que Ana dormira com ele a noite toda. Não se lembrou de ter acordado, porém garantiu que Ana não saiu do seu lado. Revelou que possuía uma cópia das chaves da casa da mãe, mas Ana sequer sabia onde ele guardava.

Então as perguntas passaram a tratar do episódio das fotos, que surpreenderam Jorge: - “Como eles sabem? Onde eles conseguiram essas fotos?” Os pensamentos atrapalharam Jorge, e ele ficou um tanto constrangido. Não respondeu aquelas perguntas, quis sair dali.

No dia seguinte, logo cedo, Ana saiu de casa algemada, com um mandado de prisão preventiva. Jorge ficou desolado. Apesar de crer fielmente em Ana, algo bem no fundo achava tudo muito estranho. Passou o dia com advogados, buscando conseguir o “habeas
corpus”, que veio à noite. Mais tarde ligou para Steven. Ana estava cansada e exausta, dormiu cedo, e então Jorge decidiu terminar a conversa com Steven pessoalmente.

Steven ouviu por duas horas Jorge falar. Pode perceber que ele não estava em seu juízo normal. Não tinha ficado “louco” exatamente, mas sua estabilidade mental estava comprometida. Nem em sonho cogitou contar quem “dedurou” Ana, no entanto, isso não impediu de ter que contar a força. Tudo fluia bem até Jorge encontrar o cartão do investigador Fausto na mesa da cozinha. Steven suou frio mais uma vez e pensou: "Agora deu".

Jorge reagiu surpreendentemente bem para quem esperava um surto psicótico enlouquecido, afinal, Steven mexeu com a “menina de seus olhos”. Porém, Jorge ficou pensativo, e confidenciou-se confuso para Steven. Era como se ele mesmo não pudesse mais acreditar em Ana, ou como se algo dissesse que realmente tinha alguma coisa errada.

Tomaram um café ao som de Beast Boys, que saia da janela da casa ao lado. O som não era capaz de disfarçar o silêncio constrangedor que se seguiu nos próximos minutos. O tilintar da colher na xícara dilacerava o ambiente, e quando o som do vizinho
parou, era quase possível ouvir o som da fumaça do café.

- Não. Não foi ela.

Jorge levantou-se e saiu em disparada. Steven tentou contê-lo, mas não pode. Jorge apenas parou na porta antes de sair, voltou-se para trás e abraçou Steven:

- Estou confuso, preciso falar com Ana.

Steven voltou para a cozinha terminar seu café.

Sobre Ana, em determinados momentos Steven achava perfeitamente possível ela ser a assassina, em outros, ponderava ser bem improvável. Pensou em como pôde levantar a possibilidade de tamanho desvio de caráter simplesmente porque Ana era adultera. Mas,
por outro lado, do que seria capaz um indivíduo que apunhala pelas costas a única pessoa que certamente estará ao seu lado pelo resto de sua vida? O que vale a vida de uma velha chata que a persegue, se nem mesmo a honra de seu marido vale alguma coisa?

- Pior, que vale a minha vida pra ela então?

A última frase dita por Jorge não saiu mais de sua cabeça: “...preciso falar com Ana". Ana ficaria ciente de que foi Steven o responsável por tudo que ela passou nos últimos dois dias.

Custou a deitar. Trancou a casa, verificou cada janela. Sentiu-se constrangido consigo mesmo quando levou uma cadeira da cozinha para travar a porta da sala. Custou também a pegar no sono.

Cada movimento na rua ou cada ruído na casa era suficiente para acordá-lo. Inclusive, quando o que imaginou ser um gato passou pelo telhado, bem acima do quarto até a região onde fica a cozinha. Steven não se preocupou muito porque o quintal era aberto, sem muros ou grades, no estilo das casas norte-americanas, e sua garagem era com portão fechado até o teto, portanto, indiferente alguém subir no telhado ou não.

Pegou no sono outra vez. Acordou com o tal gato. Voltou a dormir.

Pela manhã ligou para Jorge. Não conseguiu falar. A tarde também não conseguiu. À noite, quem atendeu o telefone foi Ana. Steven desligou. Bateu com o fone na testa quando lembrou do identificador. Dois minutos depois o telefone tocou. Tardou nove toques para atender.

Jorge adiantou-se em mostrar-se compreendido com Steven, e disse que Ana não estava brava. Jorge disse que a amizade entre eles não ruiria, e por fim, perguntou o que Steven queria. Na verdade, ele queria saber se Ana iria matá-lo, mas, contentou-se em dizer quejá ouvira o que queria. Só havia ligado mesmo para saber como eles estavam.

Mais uma noite. Ao deitar sentiu-se receoso e pensou que poderia passar um mês, um ano, um vida, e aquele medo não passaria. Desejou dar fim nessa história, se mudar, acabar a amizade com Jorge. Adormeceu imaginando como seria sua vida nas Filipinas,
solteiro, e com vinte oito anos de idade.

Acordou no meio da noite com o maldito gato. Duas e vinte e um da madrugada. Perdeu o sono, ligou a TV e assistiu um game-show que dava prêmios para telespectadores que descobrissem três diferenças entre duas figuras na tela, enquanto a apresentadora gritava feito louca na TV implorando por ligações.

Seguido de uma batida muito forte no telhado, o barulho parou bruscamente. Imaginou que possivelmente havia dois gatos cruzando, e que, pela hora da morte, terminaram. Steven virou-se para o lado direito da cama, acomodou-se e fechou os olhos. Ajeitou o
edredom, abriu os olhos por um segundo e viu, no reflexo do vidro da janela, uma silueta na porta do quarto.

Lembrou-se tarde da abertura do forro.

A luta foi intensa. Muitos cachorros latiam freneticamente enquanto pelejavam. Os vizinhos chamaram a polícia.

A polícia chegou em quinze minutos e já não havia mais barulho dentro da casa. Dois policiais foram arrombando pela frente, enquanto outros dois romperam a janela do quarto. Havia sangue por toda a parte, e a TV ligada na mesma maluca do game-show. A
dupla que veio pela frente achou a sala intacta, e encontraram os outros dois policiais no corredor, com Steven estirado no chão, e encima dele, Jorge, desacordado.

Steven passou doze dias na UTI, com perfurações no intestino e duas costelas quebradas. Jorge acordou no dia seguinte, assustado, imaginando que deveria estar em sua casa, e não ali.

Steven seguiu com sua vida e Ana nunca mais foi a mesma. Agora era fiel ao marido que não podia mais ver todos os dias. Ao menos, os laudos médicos conseguiram alterar a pena de vinte e cinco anos de cadeia para uma simples internação, por somente dois anos, para tratamento de distúrbios do sono.

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sexta-feira, 3 de julho de 2009

Arquivo - 01/07/2008 à 01/07/2009

Arquivo de postagens de julho de 2008 à julho de 2009.

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Segunda-feira, 17 de Novembro de 2008


As três vertentes do poder de persuasão.
A primeira vertente do poder de persuasão é o fato deste poder ser um dom. Devemos ter ciência que quando você se vê em uma situação constrangedora onde precisa convencer “alguém” de “algo”, geralmente esse “algo” é mentira, e esse “alguém” quer ser convencido disso. Isso já é um grande “ponto” a seu favor. As pessoas acreditam naquilo que querem ouvir, porque isso será suave, tranqüilizador, fácil de digerir.Você pode pensar que isso não se aplica porque você passou a vida tentando convencer as pessoas de algo que para você é uma verdade. Tentou convencer as pessoas que sua religião é melhor, que sua cerveja é a melhor, que seu time de futebol é o melhor, etc. etc. Mas pare para refletir: Em que momento foi o seu poder de persuasão que transformou a sua verdade era uma verdade para outro? Em um primeiro momento, você pode até convencer a pessoa, fazê-la entender o seu ponto de vista, mas não é isso que vai trazer transformação. Não gosto de generalizar, mas é evidente que contra fatos não há argumentos. A verdade é nua e crua, basta mostrar! Não exige esforço persuasivo. Talvez exija alguma mão de obra para levantar provas, mostrar evidências, e um certo discurso sim, mas usando verdades, e não argumentação sob argumentação. Quanto mais você precisa argumentar, mais mentiras estará contando. Portanto, a segunda vertente do poder de persuasão é que, em caso de mentiras, ele é maléfico, maldito! E geralmente recorremos a ele nestas situações.E a terceira vertente do poder de persuasão é que este é uma ponte direta para o pecado. É um “vírus” que ataca nosso sistema de “bloqueio” do pecado, da mentira, da falsidade. Geralmente, é entendido que podemos mentir sim, porque temos a capacidade de convencer as pessoas daquilo que estamos dizendo. Podemos enganá-las, dissuadi-las. Podemos fazer o que bem entendemos da nossa vida, porque nunca seremos pegos, nunca seremos desmascarados.Portanto, seguindo as três vertentes que na minha opinião sustentam este poder, podemos classificá-lo como um dom maldito que usamos para pecar, mentir e enganar. Por Deus, não sei se alguém vai se identificar com isso que eu estou escrevendo aqui. Só espero, desesperadamente, que alguém se identifique.Podemos transformá-lo em benção? É claro! Você que como eu, conhece Jesus, pode usar seu poder de persuasão para convencer alguém que Ele é tudo aquilo que sabemos que Ele é. Isso será suficiente? É claro que não. Seu poder de persuasão vai levá-lo ao convencimento, mas nunca ao convertimento. Mas como eu disse, este poder é um dom, um caminho, um meio, que podemos usar para levar às pessoas a salvação. E é isso que eu pretendo fazer daqui em diante.O poder de persuasão convence, mas não transforma. Você pode convencer um sujeito que Jesus é a melhor opção, mas se esse sujeito não sentir ou vivenciar Jesus, ele abandonará esse pensamento. Você pode convencer alguém de uma mentira, mas nada fica oculto para sempre, cedo ou tarde, a verdade vem à tona. Portanto, use seu poder de persuasão com sabedoria, para que vá bem.Tks.Du.


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Terça-feira, 19 de Agosto de 2008

Acredite: Você se tornará exatamente o contrário.
Levou muito tempo para eu entender que uma escolha custa muito caro. Toda "escolha" é dolorida, complexa, árdua. Como se não bastasse, a "escolha" é uma credora insensível e implacável, que cobra sua dívida até que de uma forma ou de outra, você pague por ela. Não adianta apenas fazer a sua escolha, mas você tem que pagar o preço. E quanto mais eu demorei a entender isso, quanto mais eu delonguei pagar o preço das minhas escolhas, mais juros ela me cobrou, e quando dei por mim, já não podia mais arcar com toda aquela "dívida". Nesse momento, meus irmãos, tudo foi tirado de mim, e eu descobri que todas as escolhas que eu havia feito na vida, eram nulas, sem valor. Nunca haviam se consolidado.A lição que eu levo disso tudo é que, se você precisa fazer uma escolha, faça logo! Porém, não se esqueça de pagar o preço que ela cobra!Ser "Santo" custa caro. Quer ser "santo"? Pague o preço! Ou então não será nem "Santo", nem "mundano". Então, cairá na malha fina da mornidão. Aquela mornidão que dá ânsia de vômito em Deus. E acredite, você não vai gostar de pagar este preço.Ser honesto custa caro. Ser fiel custa caro. Ser honrado custa caro. De nada adianta escolher ser santo, fiel ou honrado, se não pagar o preço por eles. Fazendo assim, você se TORNARÁ EXATAMENTE O CONTRÁRIO.Como foi difícil entender isso, meu Deus.Deus Abençoe.Du.


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Segunda-feira, 28 de Julho de 2008

Encontre-o. E então: Mate!
Você já mudou algum conceito pra livrar-se do peso de um pecado? Acho que todos fazemos isso. Mudamos as regras do jogo a nosso favor, para que nossos atos sejam justificados. Mas não adianta. Você pode morrer de procurar, de orar, de pesquisar, e a única coisa que você vai encontrar é que Deus te ama, mas abomina o seu pecado.Em determinado momento, o conceito de pecado é "pensar", mas quando você então "pensa", o conceito de pecado passa a ser "fazer". E quando você "faz", o conceito de pecado passa a ser "continuar fazendo", e quando você continua fazendo, o conceito de pecado passa a ser "se conformar com isso"... e finalmente quando você "se conforma", então você encontra uma desculpa, uma justificativa ou um bom motivo pra continuar pecando.A lógica é simples. Possuímos discernimento necessário para compreender o que é e o que não é pecado. Então, quando identificá-lo, lute somente contra ele (pecado), e não contra a sua consciência. Mate o pecado! Corte o mal pela raiz. Essa é uma idéia bem simplória, porém eficaz. Pelo menos, está sendo pra mim.Tks.Du.



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Sexta-feira, 18 de Julho de 2008

Renovar Parte 3 (Final)
Em uma semana que a “parte dois” ficou no ar, pelo menos cento e vinte pessoas visitaram meu blog. Isso sem contar quem entrou, leu e saiu do blog, porque este número corresponde somente às pessoas que clicaram no link do meu perfil. Acho que este blog não tem contador de acessos, ou se tem, ainda não descobri onde fica.Enfim, é interessante como as pessoas lêem “bloggs” né? E mais interessante ainda é que quase ninguém deixa comentário. Mas mesmo assim, estou muito feliz pelo fato de tanta gente ter acessado meu blog. Cento e vinte pessoas é dez vezes mais gente do que a quantidade de pessoas que eu encaminhei o link do blog para leitura. E meu blog foi muito mais longe do que eu poderia imaginar. Ele foi lido por pessoas que eu nem conheço, de outras cidades... Recebi alguns e-mails, fiquei muito feliz!Enfim, lá vai a parte final...XxxxxxxxxxxxxxxxxxxPARTE 3 (FINAL)Já defendi e acreditei em idéias que hoje não acredito mais porque deixei de permitir que os "outros" interpretassem a palavra de Deus para mim. Em Romanos, aprendemos que a fé vem do "ouvir" a palavra de Deus, (Rm 10:17), porém, Paulo ensina acerca especificamente do Evangelismo, sobre confessar a fé em Cristo, sobre, em termos mais abrangentes, converter-se ao cristianismo. A conversão sim vem do ouvir, e é disso que Paulo fala, e não sobre a manutenção da nossa fé! A manutenção da nossa fé não vem somente pelo ouvir não, muito pelo contrário, vem principalmente da leitura da palavra, do falar, do trocar idéias, DO PRATICAR A PALAVRA, do debater a palavra. O que EU vejo hoje em nossas igrejas é um rebanho que só ouve! Um rebanho carente de diálogo, de leitura, de argumentação. Tal grupo afirma que determinada maneira de se vestir é definitivamente proibido por Deus, e outro grupo declara que isso não existe. Um grupo diz que Deus proíbe uma determinada prática, outro diz que não. Dentro de uma mesma igreja, em um mesmo templo, em uma mesma liderança existem divergências de idéias, como é que vamos saber a verdade? Por que tantos ensinamentos contrários hoje em dia?Atualmente eu faço parte de uma instituição da qual me afastei da liderança já há algum tempo Não tenho interesse em criar contenda com meus amados amigos e irmãos, muitos deles, “mais chegados que irmãos de sangue mesmo”, rs... Eu só acho que precisamos renovar alguns conceitos.Imagine a seguinte situação. Você mora com seu irmão, só vocês dois. Em um determinado dia, voltando do trabalho você passa na padaria e compra dois pães para seu próprio desfrute. Chega em casa, vai para o banho e deixa os pães encima da mesa para comer mais tarde. Antes de ir para o banho, adverte seu irmão, que comprou os DOIS pães para comer sozinho. Quando volta do banho, percebe que seu irmão roubou-lhe um pão e comeu. Não há dúvidas que este irmão pecou não é mesmo? Mesmo sabendo que o pão não lhe pertencia, e aproveitando-se da sua ausência, degustou o delicioso pãozinho, imagino eu, com manteiga!Você fica muito irado com seu irmão por causa do ocorrido, e resolve não falar mais com ele pelo resto da noite.No dia seguinte, novamente voltando do trabalho, seu coração pesa e você se arrepende de ter sido tão duro com o seu irmão. Resolve então novamente comprar dois pães, só que desta vez, pretende dividir um pão com seu irmão. Ao chegar em casa, você não encontra seu irmão, deixa os pães sobre a mesa e vai banhar-se. Após pouco tempo, seu irmão chega, vê os dois pães encima da mesa e pensa que novamente você comprou dois pães para comer sozinho. Após refletir um pouco, e receoso de provocar-lhe ira, seu irmão acaba sendo vencido pela fome novamente e come um pãzinho. O pão era dele! Mas ele sabia disso? Não. Na mente gatuna de seu irmão, ele está novamente roubando-lhe! Portanto, peca!O pecado não está no ato que nós fazemos, mas sim, naquilo que acreditamos! Todos nós sabemos que não existe problema nenhum em vestir um shorts, ou uma bermuda, porém, um Pastor que ensina ao seu rebanho que um homem não pode usar calças curtas não pode se prestar, mesmo que escondido, a usar tais calças curtas! Ele peca! O que eu quero dizer com isso? Quero dizer que olhamos tanto para o copo de cerveja do irmão, e esquecemos que o pecado pode estar no pãozinho com manteiga!Enfim, falando sobre a conduta de um cristão, tudo pode ser resumido da seguinte forma, e esta é a conclusão, a síntese de tudo que eu quis dizer até agora: Tudo se resume em três princípios básicos: “Amar a Deus acima de todas as coisas; Amar ao próximo como Cristo nos amou; e finalmente, ir e pregar o evangelho” Só! Tudo que seja possível proceder está conglomerado dentro destes três princípios. Aquilo que não estiver no mínimo não é tão importante. Concordo que não exista pecado grande e pecado pequeno, e que a gravidade do pecado esteja na sua conseqüência, mas é evidente que existe sim preceitos Bíblicos mais importantes que outros, e não sou eu quem diz isso não! Quem diz isso é o próprio Jesus, (ver Mateus 23:23). Em minha opinião, o “mais importante” da Lei de Deus para a nova aliança pode ser resumida somente nesses três mandamentos. Aquele que estiver com estes três mandamentos rigorosamente em dia, aquele que amar ao próximo exatamente como a si mesmo; aquele que levar consigo a palavra de Deus, pregar o evangelho e batizar em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, esse sim, pode começar a dar prioridade para o restante, desde que não negligencie os demais. A maioria dos irmãos não sabe nem o que significa o “Ide e pregai o Evangelho”! Porque perdemos tanto tempo nos preocupamos com preceitos menos importantes? Matheus 23:23 pra nós!!!E eu, Eduardo Muller, amo o próximo como amo a mim mesmo?Não.Na verdade, eu amo mesmo os meus amigos, minha família. Do resto, uns eu tenho pena, outros eu tenho repulsa, outros sou indiferente. Mateus 5:43-48 e Tiago 2:8-10 pra mim!!!Vamos acordar para aquilo que é realmente importante no Reino de Deus. Quem não amar ao próximo, (sendo ele amigo ou inimigo) como a si mesmo, será condenado por transgredir a lei! Leia o livro de Tiago em todo o seu contexto, tire suas conclusões e veja se eu estou errado! Agora, o que acontece com o pobre coitado que não dizima? Vai pro inferno? Meu Deus, a preocupação da Igreja de hoje com o devorador na vida dos irmãos me comove!Enfim, para mim, é impossível julgar um pecado sem conhecer o coração de quem “peca”, mesmo que a pecadora seja a Dercy Gonçalves.Reino de Deus para mim é isso: “Amar a Deus acima de todas as coisas; amar ao próximo como a ti mesmo; ir e pregar o evangelho”.Somente para refrescar, não sou contra o Dízimo, só acho que Deus realmente abençoa aquele que o faz com o coração, como ato voluntário. No domingo passado (20/07/08), durante o culto à noite, meu Pastor fez uma comparação fantástica no momento dos dízimos e ofertas. Ele leu João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito para que todo o que nele crer não pereça,mas tenha a vida eterna”, e comparou o amor de Cristo para sua Igreja, com o amor que temos para com Ele. Foi um paralelo magnífico! É inegável que dizimar ou oferta por amor a Jesus, por amor ao Seu sacrifício, e com o coração voluntário é muito mais realizador do que entregar por obrigação o dinheiro que imaginamos nem nos pertencer. E é por essas e outras que eu acredito definitivamente que Dízimo não é lei, nem obrigação. Estamos acima da lei! Costurar o véu é renegar o sacrifício de Cristo na cruz, e se dependesse apenas de mim, já poderíamos queimar o véu de uma vez para que não haja perigo de alguém costurá-lo novamente!O problema é se alguém resolver construir um biombo!Obrigado.Eduardo Muller.



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Segunda-feira, 14 de Julho de 2008

Renovar (Parte 2)
Não tenho intenção nenhuma de propor uma revolução, e muito menos propor uma nova religião. Longe de mim. Se for possível dizer que algo de revolucionário se aproxima do que eu quero dizer, então diríamos que seria uma “crítica ao universo evangélico”. Nós, evangélicos, criticamos tanto a religiosidade, mas agimos como “perfeitos religiosos”, muitas vezes, colocando os interesses de instituições à frente dos interesses divinos. Nesta segunda e terceira parte, gostaria de divulgar alguns motivos pelos quais não acredito mais nesta igreja, não desprendo mais meu tempo nesta obra, não dizimo mais, e, em tempos eleitorais, não voto mais em políticos que compram pastores para arrebatar o rebanho eleitoreiro, como já votei diversas vezes, e em absolutamente cem por cento das vezes me arrependi.Como já disse na parte um deste texto, é preciso renovar nossos conceitos, pois os tempos mudam, a cultura muda, a sociedade muda, e, portanto, mudamos também. Entretanto, Deus continua exatamente o mesmo. Somos livres para adorar, porém, não existe de fato liberdade plena, nem tão pouco liberdade absoluta. A liberdade absoluta existe subjetivamente, dentro de cada um de nós. O que eu quero dizer sobre liberdade é que, não é determinada situação, ou determinado lugar, ou determinada religião que lhe tornará livre, mas sim, a renovação destes conceitos dentro de nossas mentes. A não renovação de idéias aprisiona as pessoas, e é por isso que ainda existem mulheres peludas, barbas compridas, e avantajados ternos sob nosso tropical clima brasileiro.Quer exemplo mais prático de renovação do que a própria Bíblia? A Bíblia é um livro que se perpetua pelos séculos, sempre atual, e mantêm-se assim devido a sua extrema subjetividade. Entretanto, como podemos discernir entre o “correto” e o “errado”, principalmente em tempos atuais onde prega-se e interpreta-se este livro de milhares de maneiras diferentes? Proponho então o seguinte exercício. Esqueça que você é Cristão, que você é pastor, padre, evangelista, ou que possui qualquer outro título eclesiástico. Esvazie a sua mente de todos os “pré-conceitos” que já existem dentro dela, e depois sim, leia a Bíblia. Leia a Bíblia como literatura mesmo. Eu fiz isso, não com a toda a Bíblia, ainda, mas já pude ler uma boa parte dela. Após essa leitura, pode imaginar qual a conclusão que cheguei? Cheguei ao remate de que Jesus Cristo é o único e suficiente salvador de nossas vidas. Que Jesus é o filho de Deus, e que morreu na cruz para livrar-nos da morte eterna! Simples não é? Não! Discordo que quem diz que a Bíblia é simples, porque a Bíblia é extremamente complexa, complicada, de difícil interpretação e de sentido literário muito perigoso. A mensagem final é bem simples, porém, para atingir essa idéia, percorre-se um caminho intrincado e cheio de armadilhas.Dizer ao povo, por exemplo, que dizimar significa “obedecer a um mandamento de Deus” é um absurdo sem tamanho. Isso não existe. Imaginem quantos deixam de pagar uma conta de água, ou uma conta qualquer, para entregar na igreja o que, no juízo deles, nem lhes pertence.O dízimo não é proibido, e acredito eu, honroso por aqueles que praticam conscientes de que trata-se de um gesto voluntário, e não o cumprimento de uma obrigação. Mesmo no novo testamento, existem citações sobre o dízimo, mas de forma alguma, isso se aproxima de uma idéia de mandamento, como era no antigo testamento.Tenho pena de quem possui capacidade de discernimento e torna-se vendido pelo dinheiro. É absolutamente claro que, não estamos mais sob a lei de Moisés, o véu foi rasgado! O momento dos dízimos e das ofertas nos cultos são as ocasioes que, hora me fazem rir, hora me fazem chorar. É impressionante como os textos bíblicos são manipulados para persuadir o povo.No antigo testamento, existem exemplos da prática de dizimar, muito antes da lei de Moisés. Em Gênesis 14:18-20 Abraão deu um dízimo a Melquisedeque, após o resgate de pessoas tomadas de Sodoma em uma guerra. Em outra ocasião, Jacó prometeu dar a Deus dez por cento de sua prosperidade, (Gênesis 28:22). Em nenhuma dessas situações, trata-se de um mandamento de Deus, mas sim, um ato voluntário. O mandamento surge, de fato, na lei de Moisés. Aí sim, ela é indiscutível, (Levítico 27:30-33; Números 18:21-32; Deuteronômio 12:1-19; 26:12-15).Um trecho bastante utilizado por pregadores é Malaquias 3:8-10: “8 Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas. 9 Vós sois amaldiçoados com a maldição; porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda. 10 Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança”.Malaquias foi um judeu, que pregava para outros judeus. Viveu sob a lei de Moiséis e seu objetivo era animar outros Judeus à também viverem sob a lei de Moiséis. Observe bem: Malaquias pregava para outros Judeus, (ver Malaquias 1:1). Por acaso, você é Judeu? Por tratar-se do último livro do Velho testamento, existe a impressão de que as idéias deste livro deveriam ter força de lei nos dias de hoje, pois do contrário seriam “inúteis” existirem por tão pouco tempo. Esse conceito subliminar existe para muitas pessoas, mas isso é uma grande bobagem. Malaquias foi mesmo o último livro do velho testamento a ser escrito, porém, estima-se que foi escrito por volta de 450 anos A.C., na mesma época de Neemias, após o tempo de Daniel. Este livro foi o último “falar” de Deus para com o povo de Israel antes de João Batista, quase cinco séculos depois.Jesus reconheceu a autoridade da Lei, e viveu sob sua autoridade. Em contrapartida, Jesus nunca ensinou que a prática do dízimo seria parte da nova aliança. Mesmo na Lei, Jesus criticou os Judeus que, enquanto negligenciavam preceitos mais importantes da lei, aplicavam cuidadosamente a lei do dízimo (Mateus 23:23).Em Mateus 22:15-22 vemos um texto sobre o pagamento dos impostos a César. Muitos citam esta passagem para justificar que os impostos devem ser pagos porque “pertencem ao governo”, e o dízimo deve ser entregue, porque “pertence a Deus”. Já vi muito disso em muitas igrejas. Mas é evidente que Jesus trata a imagem de César na moeda como referencia às coisas materiais. “Dêem a Cesar o que é de Cesar...”, “... e a Deus...”, (em uma clara alusão contrária a idéia anterior), “... o que é de Deus”. Portanto, o que Jesus quer dizer é: "Dêem à Deus as coisas espirituais, dêem à Deus o louvor, o amor, o espírito, e não dinheiro! Pelo amor de Deus!Antecipando possíveis críticas, quero lembrá-los que na parte um desde post (01/07), eu disse que nossa fé é baseada em experiências espirituais, portanto, entendo que devemos demandar a Deus o discernimento correto de sua palavra. Entretanto, estou tentando espiritualizar o menos possível esta segunda parte, para que todos consigam compreender o que quero dizer, e não somente as pessoas que professam a fé em Deus da mesma forma que eu.Faço isso porque estou farto de sujeitos conhecedores e dominadores da Palavra de Deus. Na sua maioria, são alienados da realidade da vida. Muitos deles poderiam ler este texto, e contradizer com dezenas de citações bíblicas tudo o que eu disse até agora. Dominam a palavra de Deus, mas não conhecem o ser humano. Vivem como se Jesus Cristo fosse voltar amanhã, e levar consigo seus corpos, mulher, filhos, roupas, carros, templos, casas, instrumentos, ternos e microfones. Esquecem-se de que tudo que constroem nesse mundo servirá para a manutenção do reino do Anti-Cristo. O Anti-Cristo usará todos os nossos templos para usufruto próprio, não sei como, mas com certeza objetivando PESSOAS, que andam meio esquecidas por nós. Tem se dado mais importância aos ritos e aos costumes do que para propriamente almas e pessoas. Meu avô, que era pastor em 1950, fazia exatamente a mesma coisa que fazemos hoje: Olha que cronograma bonito: Abertura; louvor; recados; dízimos e ofertas; pregação; ministração e encerramento. Uma vez por mês, substituem a ministração pela ceia. Ah, tenha dó! Como pode ainda alguém dizer que não está na hora de renovar?Insisto em dizer que não prego uma revolução, mas sim uma renovação, de dentro para fora, em cada um de nós!E aqui eu passo o corte, para que não se alongue mais. Continua na parte 3!.Obrigado!!!Eduardo Muller



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Terça-feira, 1 de Julho de 2008

Renovar (Parte 1)
É fantástico como o exercício de ''incubar as idéias'' lhe mostra o quanto de bobagem você pode dizer ao longo da vida. Às vezes, leio alguma coisa que escrevi há muito tempo, e tenho vontade de embocar a cabeça na primeira fenda que encontrar. Muitas vezes tomado pela emoção, outras pela vontade de ser percebido por alguém. O fato é que escrever é muito bom, e ser lido é mais ainda.Incubei por duas semanas a idéia de criar este blog. E incubei por dois dias este texto. Pra que criar um blog? O que dizer? Para quem?Percebi que nada disso importa. O bacana mesmo é escrever para você mesmo! Para que perceba o quanto evoluiu, o quanto regrediu, o quanto mudou, ou o quanto continua o mesmo. Resolvi então iniciar este blog escrevendo sobre liberdade, que dá tema ao próprio blog. Outro dia, lendo Leonardo Bobbio meditei sobre o assunto e percebi que muitas fases da minha vida foram vividas em conceitos pobres de liberdade, o que me tornava, em termos, privado da verdadeira liberdade.Eu já fui livre uma vez. Em tempo, percebi que na realidade eu era um escravo, e escravo de muitas coisas: “Escravo do pecado”; “escravo do vício”; “escravo da mentira”. Percebendo isso, decidi que deveria então ser livre de verdade. Para isso, transformei todos os meus conceitos, valores e idéias que até então faziam parte do meu caráter, em novos conceitos, valores e idéias. No entanto, cometi um erro gravíssimo ao me transformar em alguém que eu não queria ser, e conseqüência disso, essa nova liberdade tornou-se uma nova escravidão, de modo que precisei libertar-me novamente. Entretanto, não consegui encontrar outra forma de me libertar que não fosse voltar ao passado, e viver como se nunca tivesse passado por aquilo. Mas nada disso me trouxe a liberdade que eu tanto buscava. Uma liberdade que paradoxalmente eu não sabia explicar como era. Quando me dei conta, estava escravizado como na primeira vez. Para onde ir agora?Renovar foi a palavra chave. Nada que não seja capaz de se renovar é capaz de ser livre. Leonardo Bobbio disse em seu livro “A era dos Direitos” – “Somente uma LIBERDADE EM PERIGO é capaz de se renovar. Uma liberdade INCAPAZ de se renovar transforma-se em ESCRAVIDÃO”. Transformei esse pensamento para a realidade do que estava vivendo, e pude perceber, totalmente distinto da idéia de Bobbio, que a Palavra de Deus é viva, e que não são somente as misericórdias de Deus que se renovam a cada dia, mas também, o conceito de muitas coisas, inclusive o conceito de ser livre.Como podemos firmar somente na extensão literária da Palavra de Deus uma fé que é fundamentada em experiências espirituais? Ora, o que dá fundamento para nossa fé são as promessas cumpridas, o mover de Deus, a experiência da presença de Deus. Sem isso, a Bíblia seria somente um livro, onde poderíamos encontrar fundamento para absolutamente tudo que se faz em nome de Deus nessa Terra. E se os tempos mudam, as culturas mudam, e os costumes mudam, podemos dizer que Deus continua absolutamente o mesmo, mas com certeza, o seu agir no meio de nós não.Não adianta buscar a verdade em livros, pessoas ou pregações. Recentemente, tive muito medo de perder alguém que eu amo muito. E isso fez, pela primeira vez na minha vida, que eu fosse realmente grato pelo mover de Deus. Antes disso, era tudo da boca pra fora. Só agora pude perceber que a presença de Deus é real, e que é na sua presença que devemos buscar a verdade das coisas.Na Bíblia fundamenta-se muita coisa. Geralmente, interpreta-se pelos conceitos já existentes dentro da mente do leitor. O que nos dá a certeza da nossa fé é a experiência com Deus, e a Sua confirmação de que estamos no caminho certo. E, se imaginarmos a satisfação de um filho que recebe um elogio de seu pai, imagine nós, recebendo a aprovação de ninguém menos que o próprio Deus? Existe uma forma mais esplêndida de ser livre?Renovei quando tive medo, e tornei-me livre novamente. Talvez eu até possa ter sido livre de verdade algum dia, mas dormi no tempo. Sou livre. Sim. Até quando? Não sei. Talvez até que seja necessária uma nova renovação.Renovar povo!!!Que isso fique registrado. A idéia que dá título ao blog, para que eu não me escravize outra vez.Eduardo.